Bebendo vinho como se fosse água (ou, porque existem tantos alcoólatras no mundo)

     Antigamente era difícil encontrar fontes com água realmente pura para consumo da população. O povo, em suas colônias, vilarejos, cidades, abria poços no chão, geralmente na região central, onde, consequentemente, construía-se uma praça ou algum monumento importante. Todas as pessoas, famílias, casas, eram abastecidas com água daquele local específico. Algumas tinham poços próprios, outras buscavam direto em fontes mais abundantes, até porque as civilizações desenvolviam-se, por pura necessidade, próximas de rios, (70% do organismo humano é composto de líquido não sobrevivendo mais que três dias sem água, e Mesopotâmia, a primeira "cidade" historicamente conhecida tem, em seu nome, o significado de "entre rios"). Enfim, a água potável era (e ainda é) tão importante quanto o alimento, e, talvez, até mais difícil de distribuir a toda a população aglomerada numa cidade.
     A importância da hidratação era tamanha que se desenvolveu, e muito, o cultivo de plantações que pudessem ser transformadas em líquido para "matar a sede" do povo. As principais plantações, nesse sentido, foram os parreirais de uva, que, esmagadas, viravam o famigerado vinho. Infelizmente, assim como a cerveja fabricada nos campos, o vinho fermentava e adquiria um alto teor alcoólico, o que para a massa não era um problema tão infeliz assim, afinal além de hidratar, ele anestesiava, entorpecia e inconscientizava todos que dele faziam uso para saciar a sede. Era dois por um, o povo ganhava e a produção aumentava.
     O grande problema era que antigamente não existia saneamento, nem mesmo o básico. O esgoto, nas cidades, era aberto. O banheiro era uma "casinha" com um buraco no chão, onde se acumulava tudo o que sobrava dos organismos das pessoas, das famílias, das casas. Fezes, urina, vômito, enchiam esses buracos que eram fechados com terra e encobertos após anos de uso, contaminando assim, todo o lençol freático, o subsolo das cidades. A água tornava-se mais perigosa do que o vinho.
     Quando os cidadãos procuravam o médico queixando-se de dores abdominais, vômitos, náuseas, o médico receitava o vinho no lugar da água, pois a água estaria contaminada, e o álcool ajudaria a matar os vermes, (é por isso que existe o costume de servir água e vinho nos restaurantes até hoje, com a "desculpa" de que a água tira o gosto de comida da boca para melhor degustação do vinho).
     Criou-se assim, uma cicatriz genética em toda a sociedade, onde alcoolizar-se é o mesmo que beber (o verbo tornou-se adjetivo). Saciar a sede com algo que não hidrata (pelo contrário, desidrata) é idolatrado e legal(izado). Passar mais da metade da vida amortecido, cozinhando, queimando de dentro pra fora por uma droga que faz o organismo criar resistência , causando dependência a ponto de gastar até o que não tem, é tão "normal" e social que gera uma receita absurda no sistema capitalista atual, patrocinando os grandes do esporte com suas arenas televisivas (iguais às lutas dos gladiadores nos coliseus da Grécia antiga), as grandes do carnaval (festa da carne) brasileiro, com seus camarotes e gente de pele (temporariamente) vermelha, sem stress, sem tensão, gente que se diz alcoólatra, que idolatra o álcool, e não alcoolista, que depende do álcool...
     O álcool é uma droga depressora/ opressora, que relaxa o tecido muscular deixando o tecido nervoso funcionando de acordo com o cérebro transformado pelo efeito dilatador que sobe do fígado, igual ao efeito bruxuleante do calor no asfalto quando o sol está escaldante, resultando, geralmente em violência, pois isso tudo incomoda o organismo sem ele ter consciência disso. Acaba cansando, sem ter força muscular, com apenas o sistema nervoso funcionando, entrando logo em seguida, em inconsciência e deitando (desmaiando), o que é pior, pois a gravidade se encarrega de uniformizar (espalhar) o efeito no organismo.    
     Lembrando que, quando perceberam isso tudo e tentaram proibir, gerando um dos primeiros casos de "pirataria" da história, todos tentaram enriquecer o próprio capital sem pagar impostos, obrigando o surgimento de uma histórica "lei seca" que quase culminou numa explosão “nuclear alcoólica”, pois o álcool é inflamável, e transportavam às escondidas e sem segurança. O caminho é a conscientização para o uso consciente. Chega de propaganda, marketing, manipulação através de mídia. O álcool é inflamável e pode gerar uma guerra!

     "A política sempre foi discutida por homens, e doses cavalares de álcool!"
      -Juscelino Kubitschek
    
     - Thiago Lucas

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