A involução humana no trânsito
Neste artigo não vou falar das questões de trânsito, divagar
em algum artigo sobre o tema ou mesmo mencionar qualquer palavra pertinente à
direção defensiva. Quero falar sobre outro assunto, sobre algo maior, que nos
move e nos diferencia do que é racional e irracional. Quero, e muitas vezes
você também quer e já se fez esta pergunta, entender por que sofremos uma
metamorfose sinistra quando assumimos a direção de um automóvel, um caminhão,
ônibus e até mesmo uma motocicleta. O que acontece com nosso lado humano, que
parece desaparecer e dar lugar ao instinto animal capaz de não enxergar o valor
de uma vida e não respeitar quaisquer valores morais e éticos que regem uma
sociedade?
E eis que quando menciono o instinto animal, estou aqui
fazendo uma grande injustiça, pois muitos são os animais que parecem demonstrar
mais valor e sentido a estas palavras que nós, os soberanos homo sapiens. Os
animais, de forma geral, são movidos por meros instintos de sobrevivência que
os fazem viver cada dia de sua vida, como se fosse o último, sempre na busca de
um lugar para se abrigar ou uma caça para se alimentar. Mas mesmo entre os
animais, as sensações de afeto existem. Podemos observar estas sensações
emanadas entre os elefantes. Estes
colossais animais fazem um barulho ensurdecedor, abanam suas enormes
orelhas e dão voltas em torno de si. Parecem se conhecer. Quando um membro da
manada está doente ou foi ferido por um caçador, eles acariciam a vítima,
reconfortando-a, e cuidam dela até que se recupere. Protegem seus filhotes como
uma mãe que carrega em seus braços seu bebê. Chimpanzés quando brincam emitem
sons característicos de alegria. Cachorros latem de maneira a convidar outros
cães a participar de brincadeiras. Ratos de laboratório, quando acariciados,
emitem sons que os seres humanos não podem ouvir demonstrando alegria pelo
afeto recebido.
Eis então que são muitos animais que expressam sensações que
antes considerávamos estritamente humanas. E se eles são capazes de expressarem
estes sentimentos, em qual degrau da evolução encontra-se um motorista?
Certamente abaixo dos animais considerados irracionais. E esta irracionalidade
nos reduz a um vergonhoso degrau de involução onde nos exterminamos sem
piedade. Onde o respeito pelo valor do outro se transforma em uma busca pelo
poder e pelo status que nos possa diferenciar uns dos outros. Esta metamorfose
nos leva a nos comportarmos como seres sem consciência que assumem um lado
perverso traduzido no egoísmo e na falta de respeito por outrem.
Estudarmos esta irracionalidade talvez seja o ponto de
partida para mudarmos este cenário de individualismo sinistro que mata e mutila
milhares de pessoas todos os anos em nossas ruas e estradas. Precisamos
encontrar um equilíbrio entre a racionalidade e direção para que possamos oferecer
aos nossos filhos um legado melhor do que vivemos atualmente. E talvez, dentro
deste complexo tema, a resposta seja mais simples do que imaginamos e, de tão
simples esta resposta se torna complexa. E com certeza não esteja neste
presente que vivemos, pois estas mudanças precisam de tempo e devem começar no
berço, em casa, no seio da família. Valores morais e éticos, ao contrário que
muitos pensam, não começam na escola. Começam na educação de pai para filho.
Começam nos pequenos exemplos de dignidade e respeito do pai, o maior espelho
que o filho tem para sua vida. E são carregadas pelo resto da vida por nossos
filhos, que também se tornam pais e renovam este ciclo de virtudes, que em
algum momento de nossa história parece ter sido quebrado.
Talvez não tenhamos como mudar nosso presente, já enraizado
em nossas mentes e que delineia nossa geração. Mas seguramente podemos oferecer
um futuro melhor a nossos filhos, através de pequenos gestos de gentileza, de
respeito ao próximo e dignidade humana. Precisamos resgatar nossos valores
perdidos e construir uma nova sociedade menos perversa e mais humana. E
enquanto não buscamos este futuro mais humano e menos cruel no trânsito, temos
que nos contentar em chorar nossas vítimas desta matança chamada trânsito brasileiro.
Chorar nossos mortos ou transformar nossas vidas! Eis nosso dilema!
- Ricardo José (Jornalista Revista Mundo Trânsito)
Na minha opinião, é, justamente, a inteligência, o
raciocínio, que nos torna malignos, egoístas. Somente depois, quando aprendemos
e erramos bastante, é que nos tornamos sábios e conseguimos distinguir bondade
e amor, aquém de nós mesmos... Animais como as águias, que comem esquilos
vivos, etc, e têm os dois olhos voltados para a mesma direção, ou os grandes
felinos, que também têm os olhos fixos, e comem as zebras entre outros, são
considerados maus pela maioria, principalmente crianças ao ver eles
alimentando-se... Isso não é desculpa para continuar sendo assim, e, sim, um
aprendizado para adquirir sabedoria e amor ao próximo, a verdadeira
inteligência!
- Thiago Lucas
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